quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Mulher pela primeira vez


Você acredita em amor a primeira vista? Aposto que não. Eu também não acreditava, até ontem. Na verdade, nunca fui uma pessoa melosa que se apaixona inúmeras vezes e que sempre se pega babando pelo bonitão do colegial ou pelo cara sarado da academia. Pra falar a verdade, sempre achei uma tremenda falta do que fazer esses textinhos do tipo: quando eu te vejo surgem borboletas em meu estomago ou você é minha única razão de viver, mas é como eu disse: até ontem.

Ele estava sentado ao lado da minha casa, para ser mais exata, no paralelepípedo (ok, eu moro em um lugar que ninguém escolhe para passear de carro ou para levar as crianças para passar o fim de semana), eu estava voltando de um “sagrado” encontro familiar dos domingos na casa do meu irmão, típico de pais que dizem que não querem perder o contato com os filhos e que hoje em dia as pessoas não querem mais saber da família e blá, blá, blá, é esse o futuro das solteironas que escolheram ser independentes e dedicar suas vidas a uma faculdade que começaram a cursar no fim da adolescência e que não frequentam manicures e cabeleireiros pelo menos uma vez por semana. Provavelmente eu estava com uma roupa o menos atraente possível, nunca consegui pensar em uma razão para me arrumar para uma situação dessas, o máximo que eu conseguia era ver como meu irmão e minha cunhada ficam se paparicando o dia todo com aquela história de romance que para mim nunca passou de um mito, a minha opinião sempre foi que as pessoas só fazem e dizem esses tipos de coisas que elas consideram fofas porque veem nas novelas e nos filmes e acham que isso faz bem ao um relacionamento ou levanta a autoestima do outro ou alguma coisa do tipo, esse sempre foi esse o meu ponto de vista.

Eu não me sentia uma pessoa infeliz, consegui seguir a carreira que escolhi quando ainda era criança e as pessoas me perguntavam o que eu queria ser quando crescer, tinha um bom cargo em uma boa empresa, recebia um bom pagamento mensal que sustentava os meus caprichos alimentares e nunca perdi o contato com a minha família. Era esse o tipo de vida que a minha situação atual exigia.

Nunca fui a mais bela, a mais bem arrumada ou a mais popular na escola, para ser bem sincera, posso dizer que passava bem longe disso.

Seria ótimo dizer que aquele cara que a maioria das mulheres mais normais que eu consideraria nada mais nada menos do que um pedaço de mal caminho me fitava e que voavam coraçõezinhos imaginários sobre a sua cabeça, mas ai é que chega a tão temida realidade, um cara como aquele com certeza tinha uma namorada ou algo do tipo, ele era perfeito demais para estar sozinho, atualmente as mulheres são como leoas que precisam urgentemente de “comida” para se sentirem satisfeitas.

Ok, eu comecei a história dando a entender que estava perdidamente apaixonada e que daria qualquer coisa para ter aquele cara, acho que não me expressei muito bem, acho que na verdade ele me mostrou que amor existe, ele foi considerado a minha primeira tentação, desejo de ter alguém ao meu lado me abraçando e dizendo tudo aquilo que eu ouvia meu irmão falar a minha cunhada. Acho que agora você entendeu melhor a minha situação. Não é como os outros cara que eu tive que aturar só para dizer para as minhas amigas que eu não era mais virgem. Posso dizer que foi aquele cara que me fez sentir uma pessoa mais … feminina, acho que essa seja a palavra que eu estou procurando.

Eu não queria mais passar o meu sábado vendo séries de comédia americana com o meu gato gordo comendo chocolate sem parar e imaginado que provavelmente vou terminar como aquele gato que mal se movimentava, e só tinha a companhia da empregada o dia todo e que sem dúvida ficaria assim para o o resto da vida. Tudo por causa daquele cara, o cara que me fez ter um desejo de amar e ser amada, desejar e ser desejada. O cara que me fez olhar para trás e ver que a minha vida nunca passou de uma felicidade ilusória. O cara que me fez com que eu me sinta mulher pela primeira vez.

---Andressa

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